Na madrugada perdida, o moço era um encantamento com um mundo que eu queria em ato: uma boca que gritasse rebeldia, ouvisse boa música, não envergasse a espinha e de quebra tivesse riso largo.
O moço gostava de afro-samba, era curioso, bom de prosa e corrigia provas pela madrugada adentro. Por engano acertado do cosmos eu cantei o moço. E eu não mentia não: eu queria mesmo era amor e mais nada.
Nessa madrugada o moço tinha gosto de melancia e enlace dos seus.
Eu na terra da laranja, da cana, dos amigos e no moinho da minha solidão, queria aquele braço de abraço que eu nem sabia direito se me caberia. Eu queria...
Queria tambem conseguir parir texto, compor, mestrar, amar e fazer alguma coisa com essa existencia presente de viver.
Esses dias tava pensando... O moço agora é quem se debruça sobre uma mesa grande e branca nonde cabem os livros, as angustias, os papéis, os computadores, celulares, fios, memórias, ideias, confusoes e desejos
Hoje, e agorinha agorinha, quem corrige as provas sou eu.
Antes a janela que dava pro muro, agora dá pra cidade que não para.
Ele, que tinha quintal que dava pro muro, que dava pras arvores e os cães dos vizinhos, agora vive num apartamento no mesmo que a dona repressão, na cidade onde dizem, fede à bolacha.
E nesse meio tempo, ainda que as janelas tenham mudado de lugar e de mira, nossos corpos se descansem sobre outras sinfonias urbanas, selamos a vontade da caminhada juntos. Encontramos os corpos, os medos, os sonhos, os mapas dos afetos. Transformamos amigos em padrinhos.
O moço é tudo e tão mais que o dourado que reluz no meu dedinho de criança, mas assim também o é e segura comigo as flores recolhidas do asfalto da selva, presentes de Iansa e do tempo, enquanto cometo a indelicadeza cruel de sorrir para estranhos no metrô.
O moço é tudo e tão mais que o dourado que reluz no meu dedinho de criança, mas assim também o é e segura comigo as flores recolhidas do asfalto da selva, presentes de Iansa e do tempo, enquanto cometo a indelicadeza cruel de sorrir para estranhos no metrô.