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sábado, 8 de novembro de 2014

after leaving alone for so many years

ainda tremendo, com lábios vermelhos, sentou-se do meu lado, e me contou:
"ontem o amor estava alterado. ontem o amor se encheu de álcool. o amor me agarrava com força. me chamava de sua. me chamava de absoluta. o amor se embrenhou nos meus cachos. rolou pelo asfalto. o amor me disse que eu não entendo. que eu não sei o que é amar. o amor listou meus tropeços sarcasticamente, como quem ama. despiu minhas memórias como uma linha de produção: um e outro passando. não, você não sabe o que é amar, me contou o amor. o amor me pariu. ergueu alto e firme seu falo e se debruçou.o amor me abraçava com força, apertava meu braço, meu ventre. o amor chutava o mundo e dizia que tudo aquilo era por mim. o amor me chamou de canto. se perdeu. me beijou a boca. silenciou o mundo. o amor me odiava por tudo aquilo que eu era. o amor me cristalizou numa cápsula, me enfiou lá dentro. o amor me bulinou. o amor não faz a menor ideia do que se passa na minha cabeça. mentira. o amor sabe do meu asco. da minha vontade de fugir. do meu ódio. o amor sabe que eu não sei disfarçar - que eu tento. o amor me prendia ali, entre as lentes, entre as grades. o amor era vermelho como sangue. o amor é um rock. o amor sorri como num pagode. o amor arrotou. vomitou. o amor morreu atropelado na contramão. o amor me deixou. o amor me armou e eu nunca mais voltei de lá."
fechou os olhos, abanou o rabo, e levou suas manchas pretas felpudas pralém de onde se vê.