(este texto foi escrito em 2010 e apresentado no 1º Seminário Michel Foucault e disponível
In MAGALHÃES, Bóris Ribeiro (org). SABATINE, Thiago Teixeira (org) SOUZA,
Luís Antônio Fransciso (org) Corpo, sexualidade e direito: coletânea de textos do 1º Seminário
Michel Foucault. Marília: Oficina Universitária Unesp, 2010. CD-ROM ISSN 2177-8728 )
MORAIS,
Isabela
Ciências
Sociais – Faculdade de Ciências e Letras, UNESP/Araraquara
Resumo:
O presente
trabalho discute aspectos do corpo e da sexualidade no mundo contemporâneo,
comparando-os às dimensões que estas noções recebiam em outros períodos da
história. Pautamos nossas leituras através do diálogo entre as obras: O
Freudismo e A cultura popular na Idade Média e no Renascimento, de
Mikhail Bakhtin (1895-1975) e História da Sexualidade I, de Michel
Foucault (1926-1984). Tal aproximação pode tanto ajudar na compreensão mútua
das obras, quanto no próprio entendimento de cada pensador e suas leituras
acerca da ideologia contemporânea. A ascensão da classe burguesa e sua
hegemonização ao longo da história proporcionaram uma alteração na relação da
sociedade – e dos indivíduos em particular – com o corpo, manifestando suas
características em muitos campos da cultura bem como no quotidiano das pessoas.
Esse trabalho discorre brevemente sobre o processo de unanimização dessa
ideologia (dominante) e suas consequências, tendo como base a junção de duas
leituras diferentes, porém complementares.
Palavras-chave:
Bakhtin, Corpo, Foucault.
Introdução,
metodologia e objetivos
Os nomes de Mikhail Bakhtin e Michel
Foucault têm sido citados nas últimas décadas enquanto fonte de diversas
críticas, principalmente as que tangem à perspectiva do discurso. Preocupação
de ambos autores, a crítica e a análise do discurso são hoje as grandes
condutoras das demandas epistemológicas pós-modernas, ainda que sejam feitas
sem o menor respeito metodológico pelos autores nos quais dizem se inspirar. Um
exemplo desse movimento é a crítica da antropologia pós-moderna americana.
Entretanto, o tipo de abordagem
comparativa que desejo fazer dos dois autores, ainda que tenha como ponto
central a importância que ambos dão ao discurso, pretende aprofundar
especificamente em suas obras, promovendo um diálogo entre o volume 1 da História
da Sexualidade – A vontade de saber, do pensador francês e O freudismo e
A Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, do pensador russo.
A análise defende que os dois
autores estão descrevendo um mesmo processo histórico: a constituição do corpo
burguês, a legitimação de uma ideologia burguesa dominante. Partindo desse
princípio, tentaremos demonstrar os pontos em que as análises se complementam e
as possíveis contribuições desse diálogo para o nosso entendimento deste
movimento.
Melhor dizendo, ainda que tenham
enxergado um mesmo processo histórico, Bakhtin e Foucault guardam suas
particularidades, tanto pelo seus métodos e pressupostos de análise, quanto
pelos lugares distintos que ocuparam no tempo e no espaço. Defende-se aqui que
estas particularidades possam tanto ajudar no entendimento mútuo das leituras
dos autores, quanto do próprio entendimento da contemporaneidade e os
questionamentos que nos circundam.
Da Idade
Média à Idade Moderna: eis um novo corpo, um corpo burguês.
No primeiro capítulo do livro A
Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento – o contexto de François Rabelais, “A apresentação do problema”,
Bakhtin afirma que o entendimento da obra do escritor francês do século XVI vai
ficando cada vez mais deformado ao longo dos séculos. O pensador russo atribui
essa incompreensão ao fato dos críticos, principalmente depois do século XVII,
se afastarem do contexto de Rabelais e daquela que teria sido uma das suas
principais fontes: a cultura popular. Daí então sua preocupação em trazer à luz
os elementos da cultura popular cuja influência fazem da obra de Rabelais única
em sintetizar o seu tempo.
As obras de Rabelais retratam cenas
escatológicas, marcadas pelo que Bakhtin chama de realismo grotesco. A
valorização das extremidades do corpo, a boca e o ânus, entrada e saída do
mundo, imagens de banquetes, fartura, vocabulário chulo, nascimento e morte,
tidos como parte de um mesmo processo e visão de mundo, encontram seu ponto máximo
no riso ambivalente que imperava nos ritos carnavalescos.
Muitos críticos de Rabelais vão
enxergar apenas o lado negativo destes elementos do grotesco. As cenas são
consideradas de mau gosto; o livro é um puro objeto de divertimento, quando o
é.
Diante da descrição de Foucault da genealogia
dos dispositivos de sexualidade, não seria possível afirmar que uma classe
que está atuando sobre o seu próprio corpo, valorizando-o,
intensificando-o, fechando todas as suas portas para a materialidade suja, criando
um ambiente higiênico, examinável, inspecionável, uma classe que realiza esse
movimento não seria de fato incapaz de perceber e legitimar um corpo
completamente diferente?
A falta de entendimento de Rabelais
e desse corpo grotesco cresce conforme cresce também a hegemonia burguesa que,
segundo Foucault, pode se perpetuar marcando e diferenciando seu próprio corpo,
criando um corpo de classe. Os diversos dispositivos de sexualidade que
Foucault descreve em sua obra agem diretamente em pequenos círculos, naqueles
que tinham acesso ao médico, aos conselhos do pedagogo, ou seja, no corpo
ocioso e não naqueles que trabalham, cuja relação com o corpo reflete e produz
uma determinada cosmologia de mundo.
Os
dispositivos de sexualidade e a incontrolabilidade do ato histórico.
Os dispositivos de sexualidade
vincularam-se desde a sua origem a “uma intensificação do corpo, à sua
valorização como objeto de saber e como elemento nas relações de poder.”
(FOUCAULT, 1988, p. 102). Como uma forma de controle e diferenciação diante do
corpo da aristocracia nobiliárquica, que tinha no sangue sua distinção
de classe, o corpo burguês é altamente valorizado enquanto organismo vital saudável,
forte, repleto de longevidade.
É conhecida de obras anteriores à História
da Sexualidade a preocupação de Foucault em enxergar o poder em termos
relacionais, uma espécie de microfísica, afirmando, então, que não há um centro
de onde emerja as ordens a serem repassadas de forma sistemática e repressora –
dialogando muito provavelmente com a noção de estrutura de poder estatal
althusseriana. Foucault é enfático ao afirmar que não há uma política de
sexualidade, mas várias, marcadas por rupturas e continuidades, que variam
conforme o lugar e as necessidades táticas.
Assim podemos enxergar neste esforço
de Foucault uma ideia que está em Marx – ainda que os marxistas se lembrem
pouco dela – e da qual Bakhtin parece também partilhar: a incontrolabilidade do
ato histórico. A singularidade da espécie humana diante dos outros animais,
segundo a ontologia marxiana, é nossa capacidade de pôr teleológico, ou seja,
de prévia ideação; uma objetivação que tem finalidades. As consequências deste
ato histórico consciente, entretanto, escapam à sua intenção primeira, àquela
finalidade e ideação do sujeito que o objetivara. Assim, quando o homem fez um
machado, este não passou a pertencer somente ao seu criador, mas constituiu-se
como domínio de todo o gênero humano, alterando as possibilidades de ação de
todos os homens. Não há como controlar as consequências destes atos,
delimitá-las.
Este parece ser o caso dos próprios
dispositivos de sexualidade. A confissão cristã é um processo que antecede a
gênese burguesa, porém é um dos elementos fundamentais pelos quais serão
disseminados tais dispositivos: a criação de uma vontade de saber; de
prática unitária a confissão se dispersa por diferentes instituições, unidas
por uma complexa rede.
Outro exemplo desta
incontrolabilidade é a situação paradoxal que a psicanálise reflete quanto aos
dispositivos. A gênese da psicanálise está associada ao processo de
generalização dos dispositivos de sexualidade, ou seja, após quase dois séculos
de experiências em seu próprio corpo, a burguesia agora já devidamente
sexualizada, por assim dizer, expande os dispositivos para as classes
populares, sob o aspecto de sujeição e não mais de valorização do corpo, ao
mesmo tempo em que começa a suscitar em sua própria classe a ideia de uma
sexualidade reprimida. O sexo, constituído enquanto o segredo, o perigo
constante, motivo e causa de toda a vigilância do corpo, agora traz as
respostas de um inconsciente interpretado por um especialista.
A crença de que se tem algo a
confessar é introjetada de tal forma que agora temos aqueles que,
nas palavras de Foucault, alugam suas orelhas.
O Freudismo:
o homem abstrato e biológico, a sexualização das relações.
Em 1927, Bakhtin e Volochínov
(integrante de seu grupo de estudos e quem assina o livro de fato) publicam O
Freudismo. Imerso no ambiente ideológico da incipiente URSS, Bakhtin
assistia à incorporação da teoria freudiana,
sem a menor crítica, entre os campos de estudos ditos marxistas. O estudo de
Bakhtin é construído sobre as bases da sua nascente, e já muito perspicaz,
filosofia da linguagem, como nos explica no prefácio da edição brasileira,
Paulo Bezerra. Filosofia da linguagem esta que compartilha das preocupações de
Foucault em situar o discurso no jogo das relações objetivas e concretas.
As problematizações de Bakhtin
acerca da teoria freudiana, então amplamente divulgada e assimilada em toda a
Europa, antecipam em décadas as conclusões as quais Foucault, bem como
Jean-Pierre Vernant e Pierre Vidal-Naquet, vão chegar quanto as limitações da
teoria psicanalista (BAKHTIN, 2004, p. XVI).
Em um contexto ideológico diferente
de Foucault, Bakhtin defende uma leitura marxista bastante peculiar e trabalha
com a noção de classe e ideologia de maneira mais incisiva que o pensador
francês. É impressionante, ainda assim, que as questões essenciais que Bakhtin
levanta sobre o freudismo estejam tão ligadas ao diagnóstico foucaultiano da
história dos dispositivos de sexualidade.
Bakhtin, tal qual Foucault,
identifica a família como o alvo de maior sexualização e, mais que isso,
como as relações no registro do sexual ficam cada vez mais a-sociais e
a-históricas. Como se para a teoria freudiana bastasse o primeiro nascimento do
homem, enquanto ser biológico e sexual, e isso fosse suficiente para o
entendimento da sua totalidade: um homem abstrato, biologizado, e não, como
sugere Bakhtin, um homem situado historicamente, em um chão social concreto e
definido, considerando seu “segundo nascimento”, no seio das relações sociais.
O raciocínio converge com a
afirmação de Foucault de que é com o advento dos dispositivos de sexualidade
que a vida entra na história – através da sistematização dos fenômenos
inerentes à vida da espécie humana na ordem do poder e do saber. Bakhtin afirma
que os pensadores de sua época (transição do século XIX para o século XX),
ainda que divirjam entre si, têm em comum a vida biologicamente interpretada,
ocupando o centro da filosofia, uma desconfiança da consciência e, sobretudo, a
tentativa de substituir todas as categorias socioeconômicas por categorias
psico-subjetivas ou biológicas.
A psicanálise entendida muitas vezes
como liberação, quebra de uma ideologia dominante é, na verdade, o
paradoxo dos dispositivos de sexualidade. Bakhtin enxerga esse paradoxo em
Freud, na aparência de sua teoria ser uma outra coisa, mas em si mesma,
ser sintomática da ideologia pequeno-burguesa:
Todos os conflitos com que opera a
psicanálise são sumamente característicos da atualidade pequeno-burguesa
europeia. A “censura” freudiana exprime com muita precisão o ponto de vista da
ideologia do cotidiano do pequeno-burguês, razão porque surge uma impressão
cômica quando os freudianos a transferem para o psiquismo de um grego antigo ou
de um camponês medieval. A enorme superestima do elemento sexual pelo freudismo
é sumamente ilustrativa no clima da atual decomposição da família burguesa
(BAKHTIN, 2004, p. 89-90).
Sexualidade e individualidade:
a atomização e massificação de uma sociedade democratista.
Quando o dispositivo de sexualidade
muda de estratégia, como afirma Foucault, através de ideias do tipo: “como
fomos reprimidos! Como nos libertar?” há também uma ampla disseminação deste
dispositivo por todas as classes. Assim a sexualidade, ao criar um homem
abstrato, biologizado e não historicamente situado, dando a impressão de que
tanto a burguesia quanto as classes populares são vítimas desse dispositivo,
está, em ultima instância, sugerindo uma certa democratização dos
efeitos. Eis a capacidade dos dispositivos de sexualidade tanto na atomização
da sociedade, na intensiva especificação dos indivíduos através de
classificações minuciosas; quanto na massificação decorrente das políticas
de massa.
Hoje a exacerbação da noção de corpo
burguesa é tão hegemônica que passa a ser
reproduzida pelos próprios críticos da ordem burguesa. O poder é
produtivo. A capacidade de instaurar uma necessidade de vigilância, um olho do
poder atento, faz com que o regime autoritário da aparência e perfectibilidade
corporal soe como um senso comum partilhado pelas pessoas que se olham, se
vigiam, se modelam. A sexualidade deve ser assumida, definida.
Com
uma noção universalista de saúde e higiene, a classe burguesa cria necessidades
de vida que para serem reproduzidas passam pela necessidade do consumo: os
remédios, a medicina, o sistema de saneamento, a escola, o hospital etc.
Legitimamos um Estado para cuidar dos nossos corpos; o mesmo Estado que é
extremamente necessário para a reprodução sócio-metabólica do capitalismo.
O mesmo dispositivo de sexualidade
usado para legitimar um poder de Estado que cuide e zele pela vida a partir de
uma noção historicamente construída de corpo e de vida, é agora
usado para reivindicar direitos frente a esse mesmo poder estatal para
as inúmeras especificidades que este dispositivo criou de sexualidades e
comportamentos. A luta passa pela esfera dos direitos, mas a necessidade de se
ter que falar em direitos já não é em si o que legitima um Estado altamente
controlador?
Esta suposta democratização dos
efeitos dos dispositivos é na verdade o nosso democratismo pobre de hoje em
dia: a utopia liberal de que todos somos iguais, sem levar em consideração a
criação ideológica deste igual; esse democratismo deve englobar todas as
diferenças possíveis – sem percebê-las, entretanto, enquanto criadas pelas
próprias necessidades dos dispositivos. E com todos esses “diferentes” querendo
um quinhão de direitos, o seu “lugar ao sol”, a capacidade de se forjar uma
demanda política que vá realmente contra o biopoder e a disseminação do Estado
burguês encontra-se cada vez mais longínqua.
Há que se questionar sobre esse poder
que perpassa nossos corpos e não esperar uma liberdade advinda de fora, uma
espécie de permissão para se libertar, mas sim acabar com a ideia de que entre
o indivíduo e seu corpo há uma mediação desconhecida, uma licença a ser dada.
Bakhtin afirma que o corpo, no
realismo grotesco de Rabelais, está em consonância com a natureza, com um
entendimento do mundo a partir do tempo produtivo, que entende
processualidade e mutabilidade das coisas: o nascimento e a morte não são polos
opostos, mas sim parte de um mesmo movimento. O corpo é aberto, tal como é
aberta a transitoriedade da história. É por isso que a boca, o ânus, os
excrementos são valorizados: comer e defecar são próprios de todo ser humano e
da sua relação com o alimento que vem da terra: comer o resultado do trabalho e
devolver para a terra os excrementos que irão fertilizá-la.
Talvez uma maneira de reconhecermos
em nós mesmos os dispositivos burgueses, para então deles nos livrarmos, é
rever a maneira como lidamos com nosso corpo. Se todos comemos, defecamos,
arrotamos, por que tanto pudor em falar sobre essas coisas? Por que temos uma
relação tão ruim com a morte a ponto de ficarmos o tempo todo lapidando o nosso
corpo com uma estética corporal tantas vezes agressiva, a fim de retardar um
processo que é natural? Por que envelhecer é tão difícil?
O corpo fechado da burguesia
é mais do que um produto de sistemas de adestramento: ele reflete uma
perspectiva histórica, um modo de entender o movimento do mundo ou de
simplesmente não entender o movimento, negá-lo: a história acabou, o mundo é
estático, tal qual nosso corpo, exaustivamente cuidado para parecer sempre
igual. “A classe dominante não se olha no espelho do tempo”, já dizia Karl
Marx. Talvez esse “olhar para o espelho do tempo”, essa reflexão sobre como nos
reproduzimos materialmente e a partir de quais necessidades, nos liberte desse
poder introjetado, muito mais do que lutar por direitos perante o Estado.
Referências
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