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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

re-ver e brisar '13

doismil-etreze foi/está sendo um ano confuso, com-fusão, que nem o amor do Baffô. de início de parto difícil, de defesa-show, de viver morte-dor-luto-metamorfoses de ex-enlaces, de dar passos largos com os pés do rebento. de ir viver na selva cinza. pedra. metrôs. com casa, com várias, sem casa por mais de uma vez. decepções. muitos sapos engolidos. muitos. quase muitas coisas. inclusive um que era pra ser quase, virou total e agora, na reta final, na hora do balanço do ano, pede tempo, respira, tropica, se confunde, se perde. - caminha.
dois-milÊtreze. lecionar, colecionar textos internos pra parir no mundo. ressuscitar aos poucos o sonho, a vontade e a utopia da escrita engavetada em algum semestre da faculdade, num ano que não era treze, eram seis. estudantes. aprendizes. aprender a ensinar. necessidade que urge de voltar a aprender. este foi o ano em que eu mais assisti à vida e me entretive com as pequenesas das coisas do cotidiano, uma dessas tiazonas de cidade do interior que vivem ali, gastando horas, na janela penduradas, só arreparando nas cores, nas coisas e nas contas das gentes. minha janela é virtual - nem por isso menos futriqueira e esvaziante. 
tá certo. tá certo. não é assim também. dois mil e treze. quase sem reza em templo. as pedras e ruínas do templo de dentro. casos de acasos mais ou menos marcados e muitas cartas de tarô.
trio. amigos. o morto mais vivo dos últimos anos fazendo cem anos. minha companhia. dele eu falei e cantei tanto. - e ai, como é estranha a sensação de ainda assim não ter falado tanto, quanto e como eu sinto pulsar dentro.
esse ano eu saí da academia. não queria tirar ela de mim, mas precisava. a gente mal se dá conta de como essas coisas viram a gente, prendem, dão suporte e são muletas das quais precisamos nos separar, mas que nos momentos de fraqueza sentimos muita saudade.

lá dentro por tantos anos e agora, aqui fora. me disseram muito do lado de cá. e quantas tardes, manhãs, madrugadas e noites não gastamos cuidando do mundo, sem descuido no plano das ideias, utopias, vontades e análises, interpretações e diagnósticos. de um lugar confortável, inebri-apaixo-nante, edificávamos vontades. quantos plurais. é que vejo por aí meus amigos. os que vejo e os que imagino. e sinto que cada um tem sem tempo de firmar os pés e se achar no mundo depois que saiu de lá. 


treze. Dois MIL!! pois[é. ano de extremos. do parto de uma dissertação tão grande que conta-se nos dedos da mão direita - graças ao Max, agora também já na da mão esquerda, quem a leu inteira, à sensação de atrofiamento da curiosidade e disciplina estudantil-pesquisadora. citações, borrões, teses, artigos. eu me embreaguei de poesia e brisei.
criei um blog. o ponta-pé foi uma crônica que nunca repostei aqui, parida pós show do Paul. as brisas da isa. 
visto um filme e um texto dentro da cabeça. aquela canção. aquela treta. aquela viagem. blog criado com a promessa de não ser túmulo das minhas ideias. e eis eu aqui: abri essa página em branco pra tentar me redimir escrevendo sobre biografias autorizadas ou não e dois filmes sobre Legião e até agora não saí do "meu querido diário - versão retrospectiva".

que será que o facebook teria marcado de retrospectiva? eu hesitei, evitei e não cliquei no link. eu saí do livro da cara algumas vezes esse ano. uma até registrada aqui. minha janela de tiazona me arrumou trabalhos, me conectou a pessoas incríveis e estreitou laços. mas potencializou minha mania besta de falação, observação e exagero na importância do olhar do outro para/sobre mim. 

os brilhos do palco. esse ano eu me rendi à música - e sinto que ela esperava mais de mim. de todo modo, como deu, estudei canto e conheci um ser de luz divertido, engraçado e rouxinol- que me mostrou que é só não temer. ririri que gosta de inverter o nome, sem perder o orgulho de ser maria, foi curandeira, amiga, irmã, mestre, bruxa, terapeuta e nem deve ter tanta dimensão assim.

não é à toa que chamam de SOPRO de vida. o ar, último dos elementos que nos fez gente. pós a terra e a água, misturadas no barro que se moldou e se firmou no calor do fogo, os movimentos e as palavras foram criados e guiados pelo ar. sopro. respirar, me mover, encarar minha hesitação em fazê-lo, observar a sensação ao me preparar para o canto foi qualquer coisa de maravilhoso. e tão óbvio e evidente.

mas o palco é sobrecarga de emoções e responsabilidades pra quem o vê assim. além de todos os além que me fogem agora que me repreendi em pleno desencontro entre pensamento e dedos que digitam.

me publicaram em 2013. um amigo que nunca vi até chorou por saber que é alguém por quem tenho respeito. meus amigos viraram e virarão livros. eu fiquei rabiscando palavras e apertando enter = chamaram de poema.

em dois mil e-tese eu fui júri, oficineira, educadora. fui e estou desempregada. freelancer. classe média, ah, bê, cê dê-ocarai. with a little help from my parents.

em 13 dos mais mil-dois, eu não entendi; eu tive medo. eu escolhi nome pra filhos. eu falei como há muito não falava de mim. narcisa. insegura. eu criei mundos meus. eu saí pra tomar chuva. pra dançar. eu arrisquei. eu errei. eu menti. "pra si mesmo é sempre a pior mentira".

eu juntei laços. eu não tinha dimensão da potência do que posso ser diante do que escolhi caminhar. 
dois ou mil ou treze, rés, real, viés.

sarau, homenagem, show, teatro, barroso, moraes, ogãs, arrastão. descobri a força do poder do 7. parecia um 7 de paus do mitológico. há 7s bem treze.

negatividades criadas. 
desimportâncias criadas.

mas ainda assim. suja de lama. cansada dos tropeços. marca pelos corpos. eu prossigo. 2013 eu apertei a mão de um Negro e disse venha comigo e repito. eu aprendi a dizer "sou cantora". - admito que essa palavra ainda demanda tanto mais cuidado e carinho do que há agora. sem mais nem medo. 

ano que vem cantora rimará com professora.
insegurança vai rimar com enfrentamento e altivez.
humildade. verdade. 

2014 eu queria ver mesmo esse blog cumprir sua missão: não quer ser túmulo das minhas ideias. quero brincar com os lápis aquarela da vida, jogar água pra espalhar, fazer novos contornos, croquis do sonho  e dos planos.

reafirmo minha paixão e vontade pelo Projeto e grito.

sinto sono. 
perdi o fim da meada.


brisei.