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terça-feira, 28 de maio de 2013

janela em movimento




Vadio e evadido

Vagabundeio só.


Amo a rua torta
E do mar o odor.

Dos muros as mossas,
dos púcaros o frescor
Amo. E as uvas esmagadas.
E do mar o odor.

Vou tangido e raro!
Tangido vou.
Suspenso de ventos
E do mar, pelo odor

Manoel de Barros






O odor do mar invade as narinas.
Os olhos se voltam para a janela em movimento.
Há a neblina
nebulosa cinzenta
paisagem sobre o mar.

Respiro fundo:
como gosto do cheiro salgado do mar!

E respiro mais uma vez, fundo
e mais.
E já não cabe mais tanto oxigênio nos pulmões.
Não cabe mais.

Sorrio.
Afinal é só respirar.
A janela em movimento segue lado a lado
à costa, à areia, ao mar.
Involuntariamente
a maresia vai entrar e me inebriar

Assim será entre nós.

Se minha caminhada beirar teu cais
Naturalmente teu odor
invadirá meu olfato

Mas ao te perceber tão perto
e ao entender que tua maresia me inebria
tanto quanto os mistérios salgados do mar
Eu respiro intensamente, 
de propósito
E puxo o ar com força 
e mais
e mais 
até não caber mais 
E forço 
e quero
até não fazer mais sentido.

É hora de sorrir.
Não há o que temer.
Não há o que apressar.



rio de janeiro, julho de 2011.