hoje a sala escura
era o próprio mar.
cada um de nós
se navegava
se descobria
a sereia que cantava
era um preto
preto de terno,
preto de dreads
que c@nta
o incontível,
o indizível
e o incabível.
anda! navega!
mergulha!
dança, s'embala
não esqueça da música!
se deixe hipnotizar!
não resistam,
não se protejam!
abram as pálpebras do ouvido:
no fundo do mar
há conchas, há's ostras
as folhas, as letras
(poetas)
em cada canto
ancoram
as brisas vêm.
os navegantes cantam seu (en)canto
se descobrem na gagueira
eles sabem que a onda que move a todos
é impulsionada com o sopro
da coragem de dizer
alto e compassado.
adiamentos
"tenho sono" - muito sono.
cânticos, ventos,
autopsicografias
poéticas, ritmos.
compositores de silêncios.
o preto então volta a c@ntar
"meta-fora-da-disputa"
eram quase pedras
se equilibrando
no balanço dasondas
agora
são o mar.
uma valsa.
e dentro do peito um náufrago
piratas e bailarinas.
outros mares inebriam
O poeta
outras águas
com outros sotaques.
no espelho refletido da
tela branca
os navegantes são o próprio carteiro
o carteiro,
que não gosta do alto mar
nada mais é
que um navegante.
a morte dói.
a exploração dói.
de mãos dadas no final da viagem
confessamos as dificuldade do remar
as alegrias da descoberta
do mar de si
dos desejos
dos anseios
e de como tudo
é apenas e sempre
só um começo.
afinal
o mundo é metáfora pra qualquer coisa.
sentindo então as últimas ondas
curtas, espumas
nos pés ansiosos
da areia quente-fria e seca
ela encontra uma garrafa
com a mensagem sagrada dos dias: