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quarta-feira, 29 de maio de 2013

gracias a la vida

um aquário de madeira
hoje a sala escura
era o próprio mar.
cada um de nós 
se navegava
se descobria 
a sereia que cantava
era um preto
preto de terno, 
preto de dreads
que c@nta
o incontível, 
o indizível 
e o incabível.

anda! navega!
mergulha!
dança, s'embala
não esqueça da música!
se deixe hipnotizar!
não resistam, 
não se protejam!
abram as pálpebras do ouvido:

no fundo do mar
há conchas, há's ostras
as folhas, as letras
(poetas)

em cada canto
ancoram

as brisas vêm.

os navegantes cantam seu (en)canto
se descobrem na gagueira
eles sabem que a onda que move a todos
é impulsionada com o sopro
da coragem de dizer
alto e compassado.

adiamentos
"tenho sono" - muito sono.
cânticos, ventos, 
autopsicografias
poéticas, ritmos.
compositores de silêncios.

o preto então volta a c@ntar
"meta-fora-da-disputa"
eram quase pedras
se equilibrando 
no balanço dasondas
agora 
são o mar.

uma valsa.
e dentro do peito um náufrago
piratas e bailarinas.

outros mares inebriam
O poeta
outras águas 
com outros sotaques.
no espelho refletido da 
tela branca
os navegantes são o próprio carteiro
o carteiro, 
que não gosta do alto mar
nada mais é
que um navegante.

a morte dói.
a exploração dói.
de mãos dadas no final da viagem
confessamos as dificuldade do remar
as alegrias da descoberta 
do mar de si
dos desejos
dos anseios
e de como tudo
é apenas e sempre
só um começo.
afinal
o mundo é metáfora pra qualquer coisa.

sentindo então as últimas ondas
curtas, espumas 
nos pés ansiosos 
da areia quente-fria e seca
ela encontra uma garrafa 
com a mensagem sagrada dos dias: