cada vez que estamos à beira do fogo, transformando a matéria com a força de seu calor. Ver o talo virar caldo, remédio que cura. Ver o cru virar cozido. O caldo virar doce. A folha virar xarope.
cada vez em que nos encontramos e falamos da vida, partilhamos nosso suor e sentimentos.
cada vez que o vermelho nos escorre. seja em dor. seja em negação. seja em aprendizado. seja em dúvida.
o arquétipo de mulheres que se sabiam parte do mundo. da natureza. que com sua colher de pau curavam e operavam milagres.
cada vez que uma segura a mão da outra pra hora do parto.
cada vez que o sexto sentido grita e acerta.
- mas dizem que a gente não pode.
dizem que a gente que é louca.
dizem que a gente nasceu pra cuidar. que a gente não é dona da gente.
[estão no mesmo meridiano do corpo o ponto da sexualidade e da esquizofrenia.]
estamos dentro. fora. adiante. e aqui é dentro. é fecundo. é fundo.
é água.
mas também é fora, é ação, é sol. é leve.
e infinitas. como o grande tempo. no grande espaço de sermos todos um conectados.
ressuscitai o espírito do poder do feminino e celebrai seu vermelho.
ou ao menos, o mínimo, que não percamos a dignidade nesse mundo cheio de dor, preconceitos, medos, injustiças.