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terça-feira, 26 de novembro de 2013

naufrágio

me afogo com as palavras
vou tropeçando pelas ladeiras
os pés encharcados
a água que corre, escorre
pelos cabelos, os pés, o ventre
me inunda.
imunda, engasgo e soluço
me embriaguei de poema
de vírgulas tortas
parágrafos inexistentes
paráfrases, parábolas
metáforas
de repente a espada, um punhal
nas mãos de um cavaleiro
desastrado.
o café virado de gole de três dias atrás
o papel entalado na garganta
o ar não passa.
antes a garrafa toda do bourbon
ou o saquê da festinha cool de uma terça qualquer
me afoguei nas palavras.
nenhum dicionário há de me salvar a vida.